Afeto é Diferente de Superproteção
Amar e dedicar afeto aos nossos filhos é fundamental para que cresçam saudáveis sob todos os aspectos.

Mas qual é a diferença entre afeto e superproteção?
A diferença entre afeto e superproteção é muito sutil. Na ânsia de querer que nossos filhos sejam as pessoas mais felizes do mundo impedimos também que eles cresçam conhecendo o que é certo e o que é errado, que aprendam a lidar com as frustrações que acontecerão em todos os momentos de suas vidas, que amadureçam e se transformem em pessoas de verdade, sem os apelos sociais em que vivemos atualmente.
Amar nossos filhos significa torna-los pessoas de verdade! Significa que precisamos corrigi-los sempre que necessários. Significa estar ao lado deles ensinando a serem pessoas do Bem!
Superproteger é um dos maiores danos que podemos causar aos nossos filhos e também à sociedade.
Como podemos educar nossos filhos fazendo deles pessoas felizes, autoconfiantes e saudáveis?
Educar, de verdade, nunca foi nem será uma tarefa fácil. Infelizmente temos uma realidade socioeconômica que muitas vezes leva as famílias a reduzir o tempo de convivência. Mas a qualidade do tempo é mais importante que a quantidade dele.
Quando estiver com seu filho, esteja com ele! Converse, brinque, abrace, ensine o que é certo e também o que é errado. Corrija o que não estiver legal, ensine seu filho a ter autonomia e independência.
Não trate seu filho como se ele fosse um rei ou uma rainha, um príncipe ou uma princesa. Um filho é tudo para seus pais, mas nossos filhos precisam aprender que não são melhores que ninguém! E esta lição se aprende em casa, desde muito cedo.
Existe alguma dica que ajude os pais a educarem seus filhos sem correr o risco de superprotegê-los?
Existem algumas orientações que podemos utilizar no cotidiano para tornar menos difícil a educação de uma criança:
Chame seu filho pelo nome que você escolheu para ele. A criação da identidade é fundamental para a construção do sujeito. Apelidos são carinhosos, mas precisam ser usados com cuidado e coerência.
Crie hierarquia dentro de sua casa. Um pai e uma mãe precisam ter autoridade sobre seus filhos; e autoridade não tem nada a ver com autoritarismo ou agressão. A criança pede limites para ser conduzida ao longo de sua vida.
Não se transforme em um serviçal para seus filhos. Podemos fazer um mimo, mas nunca devemos satisfazer todas as suas vontades.
Diga ‘não’. Ensine seu filho o valor do ‘não’.
Afeto e amor não se compra com presentes. Não compense sua ausência de presença ou de afeto com presentes. Caso contrário chegará um momento em que sua presença só será importante para a satisfação de seus desejos.
Entenda que dar tudo o que você não teve na sua infância não é garantia de que seu filho será feliz. Lidar com a falta também é necessário.
Ensine ao seu filho que ele é uma criança como outra qualquer; não somos melhores nem piores do que ninguém.
Ensine seu filho a ter responsabilidades desde cedo. Isto ele aprenderá dentro de casa e levará com ele aonde for.
Lembre-se de que nossos filhos precisam ser melhores pessoas do que nós somos ou fomos.
Crie seus filhos para o mundo: chegará o dia em que precisarão cuidar de suas próprias vidas e é melhor que tenham aprendido as lições necessárias dentro de casa, com seus pais.
Valeska Magierek (formada em Psicologia pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP); atua há mais de 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia; é coordenadora clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena.